FLY
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O texto de Fly é percorrido por fios, linhas de água, braços de vento, rastos cósmicos num movimento incessante a dar unidade às suas três partes: o reconhecimento do rumor da voz, o trabalho da inspiração? «fêmea tecedeira, branca» – sobre a memória, e a passagem de testemunho. Fly é uma asa afiada que, como lâmina, corta o ar, submerge, transforma, reformula, muda, recupera o tempo da memória, «poro a poro» num «trabalho forçado do pensamento». (…) No «objeto longo da memória», que é Fly, há um homem no umbral lutando com o «vazio atordoado» das mãos, portanto, um homem que transforma as mãos: o umbral a transpor simboliza a saída para a realização poética, para a luz; por sua vez, o vazio é um espaço de liberdade. Estão reunidas, pois, as condições para a fabricação do fogo, da palavra sanguínea «como escuro animal, das últimas sombras de um jardim interior.». Para nascer, o homem tem de romper o invólucro escuro, o «ovo de cansaço» onde se encontra, dobrado sobre si mesmo, ideia plasmada na primeira ilustração do interior, de arte maior.
Joaquim Pessoa
Joaquim Maria Pessoa (Barreiro, 22 de fevereiro de 1948), conhecido por Joaquim Pessoa, é um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica português.
Com formação na área de marketing e da publicidade, foi diretor criativo e diretor-geral de várias agências de publicidade e autor ou co-autor de diversos programas de televisão (1000 Imagens, Rua Sésamo, 45 Anos de Publicidade em Portugal, etc.). Foi diretor pedagógico e professor da cadeira de Publicidade no Instituto de Marketing e Publicidade, em Lisboa, e professor no Instituto Dom Afonso III, em Loulé.
Desempenhou durante seis anos (1988-1994) o cargo de director da Sociedade Portuguesa de Autores. em colaboração com Luís Machado, organizou em 1983 o I Encontro Peninsular de Poesia, que reuniu prestigiados nomes da poesia ibérica. Conta com mais de 600 recitais da sua poesia, realizados em Portugal e no estrangeiro. Foi director literário da Litexa Editora, diretor do jornal Poetas & Trovadores, colaborador das revistas Sílex e Vértice e do jornal a Bola.
Foi um dos fundadores da cooperativa artística Toma Lá Disco, com Ary dos Santos, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Luiz Villas-Boas, entre outros. Viu o seu nome ser atribuído a arruamentos na Baixa da Banheira (concelho da Moita) e no Poceirão (concelho de Palmela).
« Um mundo de palavras. Língua que lambe o universo para espanto da imobilidade das estrelas »
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 21 × 30 cm |
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