A Heresia Portuguesa
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O GENE DESVELADO DA IDENTIDADE NACIONAL
Neste seu novo estudo crítico e hermenêutico, Pedro Martins rasga trilhos e cruza saberes, refutando as falácias integrais e exclusivistas que, das páginas apressadas de um Eduardo Lourenço aos epígonos do fanatismo autoritário, supostamente definiriam Portugal.
A recusa da divindade de Jesus, cerne do culto e da cultura portugueses, revela uma marca genética, radicada na essência judaica do primitivo cristianismo, de que o priscilianismo constituiu apenas o primeiro avatar lusitano.
Com a sua costumada audácia, o autor, de uma perspectiva diacrónica que nos evoca a História Secreta de Portugal de António Telmo, mostra como o marranismo potenciou um movimento vincadamente iniciático que só com o 25 de Abril recebeu, enfim, a sua carta de alforria, propondo também novas leituras de Camões, Rodrigues Lobo, a Academia dos Singulares, António José da Silva, Pascoaes, Agostinho da Silva e Álvaro Ribeiro.
«Radicada na matriz cristo-angelológica do primitivo judeo-cristianismo ebionita, e por esta via haurindo também a seiva vital de um cabalismo antiquíssimo; antecipada pelo arrianismo, e prolongada pelo nestorianismo de que António Telmo, em leitura para nós do maior significado, irá encontrar fortes indícios na poesia de um Luís de Camões, já de si tão marcada pelos Actos de São Tomé, um dos livros sagrados dos priscilianos; presente ainda na gnose do templarismo – e Portugal, importa acentuá-lo, será desde a origem um projecto templário –, com sua recusa terminante da encarnação do Cristo, mormente no artigo XX da sua Regra Secreta, e sua excepcional sobrevivência no avatar lusitano da Ordem de Cristo; activa na fede santa dos fiéis-do-Amor, depois imersa no proto-maçonismo, no cabalismo tardio e, de um modo geral, na nebulosa de formas tradicionais em que Portugal se verá envolto desde as primeiras décadas do século XVI aos primórdios do século XVIII, quando se opera a emergência da moderna Maçonaria especulativa; e ainda cintilando nesse possível, senão mesmo presumível, afloramento da tradição portuguesa que é o martinismo, do qual sairá mais tarde o Regime Escocês Rectificado – constitui-se a heresia portuguesa de matriz priscilianista como um extraordinário e multissecular processo de criatividade religiosa, filosófica e literária, tríade de formas expressivas em que o esoterismo subjacente se revela.»
Pedro Martins
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Pedro Martins nasceu em Lisboa, em 1971. Conviveu com o filósofo António Telmo, de quem é um seguidor.
É autor dos livros O Anjo e a Sombra: Teixeira de Pascoaes e a Filosofia Portuguesa (2007); O Céu e o Quadrante: desocultação de Álvaro Ribeiro (2008); O Segredo do Grão Vasco: de Coimbra a Viseu, o 515 de Dante (2011); Teoria Nova da Saudade (2013); Agostinho da Silva em Sesimbra (em colaboração com António Reis Marques, 2014: 2.ª edição, revista e muito aumentada, 2017); Cartas de Agostinho da Silva para António Telmo (em colaboração com João Ferreira e Rui Lopo, 2014); Um António Telmo: Marranismo, Kabbalah e Maçonaria (2015); António Quadros e António Telmo – Epistolário e Estudos Complementares (em colaboração com Mafalda Ferro e Rui Lopo, 2015); A Liberdade Guiando o Povo – Uma Aproximação a Agostinho da Silva (2016); Agostinho da Silva – A Última Entrevista de Imprensa (em colaboração com António Ladeira e José Pedro Guerreiro Xavier, 2016); Uma Vida de Herói – Morte e Transfiguração de Jaime Cortesão (2018); Deste Lado do Mar de Sesimbra (2022); A Glória da Invenção – Uma Aproximação ao Pensamento Iniciático de António Telmo (em colaboração com Risoleta C. Pinto Pedro, 2023).
Em 2020, posfaciou as primeiras edições completas de Vida Conversável de Agostinho da Silva com Henryk Siewierski, e de Portugal, Razão e Mistério – A trilogia, de António Quadros. Colabora nas revistas A Ideia e Nova Águia.
Fundador do Projecto António Telmo. Vida e Obra, integra a coordenação editorial das Obras Completas de António Telmo e a direcção da Colecção Thomé Nathanael – Estudos Sobre António Telmo.
É membro do Conselho Fiscal do Centro de Estudos Bocageanos e do Conselho Consultivo da Fundação António Quadros. Integrou a Comissão Científica das Comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage. Tem participado, como orador, em encontros científicos nacionais e internacionais dedicados a figuras como Cervantes, Verney, Bocage, Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes, Sebastião da Gama, Agostinho da Silva, António Quadros e Miguel Real, e a temas como a Maçonaria, a Saudade, o Espírito Santo, o Futurismo ou a historiografia e a hermenêutica da Filosofia Luso-Brasileira.
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 16 × 23 cm |
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