Gramática Secreta da Língua Portuguesa
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Obras Completas de António Telmo – Volume II
A NATUREZA SAGRADA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Partindo do livro de estreia do autor – Arte Poética – lançado há meio século, até à obra de génio que é a Gramática Secreta da Língua Portuguesa – onde a espantosa intuição do idioma pátrio como língua sagrada nos é cabalisticamente desvelada pelo filósofo António Telmo.
«A língua liga. É, essencialmente, relação, comunicação, para que nos entendamos uns com os outros. No plano prático da vida, as palavras designam, não significam. O interlocutor nem sequer tem consciência delas e, muito menos, dos fonemas, que as compõem. É um falar automático em que as frases funcionam como intenções, muito mais do que como significações. Só o poeta e o filósofo têm consciência actual, em acto, dos fonemas e das palavras como significações. A metáfora é como uma alavanca cujo ponto de apoio é a significação imediata de algo dado objectivamente e que é depois aprofundada pela criação de novas significações, sem que se perca a relação com o dado inicial.»
António Telmo
«Na única vez que estive na biblioteca de António Telmo, na sua casa de Estremoz, pude observar alguns dos blocos onde António Telmo tomava dia a dia as suas notas. Fazia-o a tinta, numa letra miudinha, de quem não desenhava mas concentrava ao máximo as energias. Apercebi-me então que esses parágrafos, todos ainda inéditos, diziam respeito quase sempre a apontamentos de gramática poética. A ciência das letras foi decerto aquela que mais o ocupou. Nas letras viu ele o segredo da ligação entre o mundo sensível e o do espírito, o único ponto de apoio firme, do qual todos os outros decorriam, para aceder ao plano espiritual. Valorizou-as pois em si, sem as utilitarizar, e ainda aí, mesmo continuando a escrever para uma plateia de filósofos, o autor deste livro comportou-se como um daqueles poetas superiormente inspirados que ele tanto prezava.»
António Cândido Franco
In Prefácio
António Telmo nasceu em Almeida, distrito da Guarda, numa casa da rua do Convento, no centro do hexagrama formado pelas muralhas que cercam a vila. Foi no dia 2 de Maio de 1927, pelas duas horas da tarde. O Leão aparecia no horizonte e o Sol erguia-se alto no Touro. Partiu deste mundo rumo ao Oriente Eterno no dia 21 de Agosto de 2010.
Por uma dessas estranhas coincidências que, por vezes, marcam a relação íntima de certos acontecimentos, nas Centúrias de Nostradamus, escritas há cerca de meio milénio, vem anunciado o nascimento do “grande Portugalois”, junto a um convento em “la Guardia”. Claro que esta Guarda é outra e outro é o convento. Quem dera ao autor deste livro pertencer a uma organização conventual de altos espíritos que guardassem o mundo humano nestes tempos de fim.
Viveu em Portugal 72 anos e os restantes fora de portas: em Moçâmedes (Angola), Brasília (Brasil) e em Granada (Espanha), dividindo-se até hoje o seu tempo por dezassete lugares. Recorda com gratidão Arruda dos Vinhos, da sua infância, que é ainda hoje a forma terrestre do seu Paraíso; Sesimbra, a da sua juventude que lhe ensinou o mar, a amargura e a imaginação; Évora e o seu passado de sombras e de história; Redondo, onde, antes do 25 de Abril, fundou a primeira escola democrática do país. Ensinou crianças em Estremoz durante vinte e tal anos.
Em Brasília, a amizade de Eudoro de Sousa e de Agostinho da Silva pôs em professor universitário um homem que não teve a paciência nem gosto, até aos 40 anos, para completar a licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa. O aluno aqui era professor lá. Ensinou a Écloga IV, de Virgílio, durante três anos. Bastou-lhe este texto de algumas páginas, pois não confunde ensino com Internet.
Iniciou-se como fazedor de livros aos 36 anos, com uma Arte Poética, não de versejar mas de dar voltas ao espírito.
Tenciona nascer de novo, mas não sabe onde, nem quando, nem como, nem se isso é possível fora deste mundo.
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 16 × 23 cm |
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