Ménage à Trois

ENCONTRO DE POESIA OU POESIA DE ENCONTRO Entre outras coisas, a poesia é um encontro. Encontro entre o poeta e a natureza, ou entre o autor e a sociedade e cultura. As três perspectivas poéticas apresentadas neste livro exprimem, à sua maneira, estas ou outras guras do encontro poético, ou a sua hibridação. Por um lado, o poeta vai ao encontro seja do seu mundo (natural e/ou cultural), seja dos uni-versos poéticos dos outros. Neste caso, encontrar significa desconstruir e reconstruir uma malha de espaços e tempos simbólicos, ou uma rede de cumplicidades, participações e partilhas de ideias e de sensibilidades. Mas, por outro lado, o poeta pode ir de encontro ao mundo, para re-criar e pro-criar inéditos espaços e temporalidades. Neste caso, o encontro pode transmutar-se num encontrão, ou mesmo num recontro. Ou seja, já não se trata apenas de uma rede que pesca e pesa ideias, mas de uma teia emaranhada de relações problemáticas e por vezes críticas e conituosas, neste planeta em crise também poética. Contar pelo encontro ou recontar pelo encontrão, tais são as duas faces do encontro de poesia do encontro. De qualquer modo, o poeta busca encontrar-se com o seu público, por vezes recontrar-se com ele, ou ainda re-encontrar-se nele. Eis os propósitos — duvidosos — deste ménage à trois, que pode transformar-se num ménage à trente, à trois cents ou mais, em encontros com públicos diversos. Assim sendo, qualquer encontro de poesia é um pré-texto para o próximo encontrão poético. E vice-versa. Zé Pinto Leite Pedro de Andrade José Soares Martins