Viagem a Granada
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Obras Completas de António Telmo – Volume VI
A MESTRIA E O ESPLENDOR DA RAZÃO POÉTICA
Quatro décadas depois da seminal Arte Poética, em Viagem a Granada António Telmo actualiza duplamente a sua filosofia, como quem a revê para a pôr em acto, do conhecimento pela experiência à expressão pelo pensamento, num volume onde se reúne ainda toda a sua surpreendente poesia, em grande parte inédita.
«Meu caro amigo, a filosofia portuguesa ensina a liberdade e não a submissão e a obediência, seja a homens seja a ideologias. Eu admito que por amor de Deus uma pessoa se deixe escravizar por um mestre que diz conhecer o caminho, mas gosto mais de pensar que Deus prefira os homens e as mulheres que o servem livremente. Sabe por que é que no grupo de filosofia portuguesa se privilegia o pensamento sobre os outros modos de mediação? É porque só se pode pensar individualmente. Ali, nunca soubemos o que era trabalhar em grupo.»
António Telmo
«No livro de 2005 – como se viu já – o que o seu autor ainda nos propõe ‘é uma filosofia que seja essencialmente uma arte poética, criadora de força, de sabedoria e de beleza pela virtude dos conceitos’. Se bem que a ordem da respectiva enunciação não seja a canónica, a alusão, pela tríade iniciática, à tradição maçónica é aqui muito evidente, o que nos não deve surpreender, porquanto, à época em que concede a entrevista à Encontro, já o filósofo, havia não muito, tinha sido recebido no Regime Escocês Rectificado.
A razão poética de Telmo, instrumento operativo da sua arte poética, deverá assim, doravante, ser entendida à luz da iniciação maçónica. E é da virtude dos conceitos que o filósofo fia a sabedoria, a beleza e a força que aquela arte poética, pois que o seja, deverá criar.»
Pedro Martins
In Prefácio
«António Telmo não defende, nem pratica, propriamente, uma poesia filosófica ou uma filosofia poética. É algo de subtil, mas essencialmente diferente: acima de tudo, são duas práticas que não podem ignorar-se mutuamente (…)»
Risoleta C. Pinto Pedro
In Posfácio
António Telmo nasceu em Almeida, distrito da Guarda, numa casa da rua do Convento, no centro do hexagrama formado pelas muralhas que cercam a vila. Foi no dia 2 de Maio de 1927, pelas duas horas da tarde. O Leão aparecia no horizonte e o Sol erguia-se alto no Touro. Partiu deste mundo rumo ao Oriente Eterno no dia 21 de Agosto de 2010.
Por uma dessas estranhas coincidências que, por vezes, marcam a relação íntima de certos acontecimentos, nas Centúrias de Nostradamus, escritas há cerca de meio milénio, vem anunciado o nascimento do “grande Portugalois”, junto a um convento em “la Guardia”. Claro que esta Guarda é outra e outro é o convento. Quem dera ao autor deste livro pertencer a uma organização conventual de altos espíritos que guardassem o mundo humano nestes tempos de fim.
Viveu em Portugal 72 anos e os restantes fora de portas: em Moçâmedes (Angola), Brasília (Brasil) e em Granada (Espanha), dividindo-se até hoje o seu tempo por dezassete lugares. Recorda com gratidão Arruda dos Vinhos, da sua infância, que é ainda hoje a forma terrestre do seu Paraíso; Sesimbra, a da sua juventude que lhe ensinou o mar, a amargura e a imaginação; Évora e o seu passado de sombras e de história; Redondo, onde, antes do 25 de Abril, fundou a primeira escola democrática do país. Ensinou crianças em Estremoz durante vinte e tal anos.
Em Brasília, a amizade de Eudoro de Sousa e de Agostinho da Silva pôs em professor universitário um homem que não teve a paciência nem gosto, até aos 40 anos, para completar a licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa. O aluno aqui era professor lá. Ensinou a Écloga IV, de Virgílio, durante três anos. Bastou-lhe este texto de algumas páginas, pois não confunde ensino com Internet.
Iniciou-se como fazedor de livros aos 36 anos, com uma Arte Poética, não de versejar mas de dar voltas ao espírito.
Tenciona nascer de novo, mas não sabe onde, nem quando, nem como, nem se isso é possível fora deste mundo.
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 16 × 23 cm |
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