A Cidade Quadrificada

Quatro paredes gigantescas Quadrificam a Cidade e quatro paredes gigantescas Quadrificam a Realidade e a Verdade. A Cidade é um Quadrado. A Realidade é um Quadrado. A Verdade é um Quadrado. É a Cidade Quadrificada numa Realidade Quadrificada, numa Verdade Quadrificada, em cabeças Quadrificadas. A Quadrificação é filha do Quadrado e o Quadrado é uma figura geométrica perfeita, logo a Quadrificação é perfeita. E fora dela nada mais interessa, é mesmo perigoso, é o caos, matéria informe imoldável. O homem tem quatro lados. O lado económico, o lado político, o lado civilizado e o lado do Eu. O Quadrado contém a totalidade do homem. Justaposição perfeita. O homem sente-se em casa na Cidade. Quatro lados iguais, a conjugação perfeita para um equilíbrio perfeito, quatro faces da mesma Realidade, quatro ângulos para a mesma Verdade, quatro perspectivas, mas sempre a mesma de onde quer que se olhe. A diversidade perfeita numa unidade perfeita. Nenhum outro lado a descobrir, nenhuma outra parede necessária. São nove e meia da manhã na Cidade. E depois. Um espaço, uma Cidade. Um tempo, uma Cultura, uma Civilização. Uma religião: o Quadrado. Os citadinos têm fé e esperança no Quadrado e beijam e rezam ao Quadrado. E vêm os Heróis e vêm os Vilões.