Périplo pelos Bares do Mediterrâneo e Outras Histórias

O preço original era: 13,90 €.O preço atual é: 12,51 €.

A mais importante novela (1935) de um dos grandes renovadores da moderna Contos e Ensaios árabe que antecipam, de certa forma, Kerouac ou Bukowski numa realidade completamente diferente.
Inspirada numa viagem empreendida pelo grande escritor tunisino no ano de 1933, a novela que dá título a este volume relata a jornada do autor e dos seus companheiros por vários portos do Mediterrâneo. O percurso, feito maioritariamente de barco, mas também de camioneta em curtas excursões por terra, começa na travessia entre Tunes e a Córsega, e, segundo as palavras do autor, leva-o a deparar-se com «um tremendo sinal de interrogação que começa em França, passa por Itália, Grécia, Turquia e Levante, e cujo ponto é a cidade de Alexandria, a última e a mais importante desta nossa viagem». No entanto, o livro termina a narrativa deste périplo na cidade de Esmirna, na Turquia, não sendo claro por que razão o autor não quis avançar mais. Muito possivelmente, de acordo com o seu temperamento indisciplinado e refractário, simplesmente não lhe apeteceu escrever mais e fechou o relato.

Esta novela, publicada em 1935, é uma espécie de obra «on the road» e uma bela amostra de uma Contos e Ensaios árabe que poucos europeus suspeitavam existir no começo do século XX. Apesar de ser tentador traçar alguns paralelos com o género de viagem (riḥlah) da Contos e Ensaios árabe clássica, cujo exemplo mais conhecido é A Viagem de Ibn Battutah, na realidade Ali Duaji é mais facilmente comparável à beat generation.

A intenção do autor, mestre de uma ironia fabulosa, é não falar sobre o que os leitores estão «habituados a ler em livros de viagens sobre as curiosidades dos museus ou sobre o que produzem as fábricas, nem sobre as profundezas dos mares ou as maravilhas da natureza, nem sobre montanhas altíssimas ou grutas profundíssimas». E também admite que não irá «descrever as ruas, as praças, os jardins e os edifícios. São coisas que se assemelham entre si em qualquer lugar […]». O título do livro justifica-o alegando que «foi para estabelecer a verdade relativamente ao que fizemos durante o nosso périplo pelos portos deste esplêndido mar, dos quais nada vimos a não ser os bares e os cafés».

Mas nem só de bares viveu o autor nesta viagem, visto que acompanhou algumas excursões em que é subtilmente patente o seu desinteresse pelas mesmas, e até mesmo um certo escárnio pela ignorância e indelicadeza por parte dos seus companheiros de viagem europeus. O autor relata a sua visita à Córsega (Bastia), a Nice e à Côte d’Azur, a Nápoles, a Pompeia, ao Pireu, a Atenas, a Dardanelos, a Istambul ou a Esmirna através dos seus encontros com os nativos e as nativas e do seu convívio com os demais companheiros de viagem, numa tentativa subjectiva de compreender o que há de comum e de diferente entre os povos mediterrâneos e de aprofundar os seus conhecimentos íntimos sobre a beleza da mulher mediterrânea, que tanto admira.

Esta tradução foi feita a partir do original árabe e a ela se acrescentam mais alguns contos do autor (com personagens portugueses, inclusive). Assim, esta é a primeira edição em língua portuguesa da obra daquele que é considerado o pai do moderno conto tunisino.
Infelizmente, Duaji morreu cedo, aos 40 anos, vítima de tuberculose, e não deixou para a posteridade uma obra vastíssima. No entanto, o que escreveu foi suficiente para fazer dele um vulto incontornável da renovação literária árabe da modernidade. Além de contos, escreveu artigos de opinião, poesia e teatro. Era um frequentador assíduo da boémia tunisina dos anos 30 e um profundo conhecedor da Contos e Ensaios árabe e francesa, apesar de nunca ter completado o ensino primário.

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Ali Duaji (1909-1949) é um dos grandes renovadores da Contos e Ensaios árabe moderna.
Ali Duaji foi romancista, novelista, dramaturgo e poeta tunisino. Nasceu em 1909 em Tunes e morreu em 1949 na mesma cidade, vítima de tuberculose. A sua família, de origem turca, pertencia à pequena burguesia de Tunes. Frequentou a escola, onde aprendeu árabe e francês, mas nunca foi além do ensino primário. Aos doze anos começou a trabalhar num armazém de têxteis. Pouco tempo depois, começa a enviar textos para revistas e jornais. É conhecido pelas suas sátiras, é uma das figuras emblemáticas dos intelectuais do grupo Taḥt as-Sūr, assim designados por frequentarem o café com o mesmo nome no bairro Beb Suica (Bāb as-Suwayqah).

Em 1936 funda o jornal as-Surūr, afamado pelos seus artigos e caricaturas satíricas. Compôs poemas em árabe coloquial tunisino. As suas criações literárias foram publicadas em diversos jornais e revistas entre os anos 1930 e 1950, numa escrita caracterizada por um realismo frequentemente caricatural, que põe em causa os costumes da sociedade tunisina da época. Depois da sua morte, cai no esquecimento e é recuperado a partir dos anos 70, sendo hoje em dia considerado o pai da novela tunisina e um dos renovadores da Contos e Ensaios árabe..

Informação adicional

Dimensões (C x L x A) 13 × 20 cm

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