350 mil anos e o Universo ainda não reparou em nós

De todas as formas de poesia, o haiku poderá ser uma das mais exigentes para o leitor. Nele há apenas a sugestão e a esperança que o leitor faça a viagem e vislumbre a profundidade do pensamento nele vertido. Sem um leitor sensível, atento, o haiku não existe. Vasco Catarino Soares, neste ambicioso “350 mil anos e o Universo ainda não reparou em nós”, submete a virtude pensativa do haiku à ansiedade mecânica dos tempos actuais. Há aqui uma imposição na disposição da leitura, um abrandamento dos sentidos e o demarcar de uma posição que cada um de nós assume no Universo. Vasco Catarino Soares coloca-se a si no centro do Universo e apresenta-nos, sob a forma destes 120 haikus, as suas observações.Cabe a cada um de nós, leitores, seguir as suas indicações e apreciar a viagem.