Pedro, o cru
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«(…) Cheiras a podre… Saboreio o teu cheiro como um corvo… Melhor do que o das rosas que me deste (…) Estou certo que os vermes mesmo se arrastam no teu corpo com doçura (…)», diz Pedro a Inês, a quem desenterrou com as suas próprias mãos e conserva morta nos seus braços: Pedro é o retrato da saudade, uma contradição viva de desespero e alegria louca do que amou e perdeu. Embora seja uma peça de teatro em 4 actos escrita em 1913, é, na verdade, um magnífico poema saudosista onde o simbolismo reina e se projecta ao mais alto nível e que vai culminar na última cena, não apenas pela qualidade da escrita como pela coerência da acção.
António Patrício nasceu no Porto em 7 de Março de 1878 e faleceu em Macau em 4 de Junho de 1930. Frequentou o Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto e fez o Curso de Medicina na Escola Médica do Porto. Segue a carreira diplomática em 1911 como cônsul em Cantão e, quando faleceu, ia a caminho de Pequim, onde ia tomar posse como ministro de Portugal. É o escritor português que, com a sua singular sensibilidade, melhor faz a síntese do saudosismo com o simbolismo, sofrendo ainda influências de Nietzsche na sua tensão dionisíaca. É a Saudade que dá o tónus à sua obra, em paralelo com a Morte, com a nostalgia do Absoluto e a infinitude do Amor ou a nostalgia da Fé.
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 14 × 21 cm |
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