Thomas o Obscuro
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Obra maior da Romance francesa do século XX, «Thomas o Obscuro» é um cruzamento entre filosofia e Romance, bem como um dos livros mais desafiadores da modernidade.
Em francês, como em português, existe uma vírgula a separar o nome do atributo como é o caso, por exemplo, de Alexandre, o Grande. Blanchot, escritor e intelectual admirado por alguns dos maiores escritores e filósofos do seu tempo e dos nossos dias, não colocou uma vírgula no título da sua obra.
Publicado em 1941, Thomas o Obscuro foi reescrito e republicado em 1950. Para o Autor ambas as versões eram válidas, embora a mais tardia (aquela que se seguiu nesta tradução de Manuel de Freitas) se tenha tornado a versão canónica.
Thomas é a personificação do conceito de neutro que Blanchot explorou na sua Romance. Diz-nos Thomas: «Eu penso, logo não sou.» Thomas não tem personalidade, é um ser neutro, uma humanidade desconstruída em peças soltas, e, como tal, uma análise única do ser humano e simultaneamente do ser literário.
A propósito do título, alguns dizem que se trata de uma referência ao filósofo pré-socrático Heráclito, dito «o obscuro», devido às sentenças oraculares da obra Sobre a Natureza, que lhe foi atribuída por Diógenes Laércio. Porém, há quem veja também neste livro de Blanchot uma alusão ao romance de Thomas Hardy Jude the obscure, enquanto outros ainda dizem que estas pistas são lançadas apenas para deixar o leitor-intérprete às escuras…
«Nada em Blanchot é previsível e isso faz dele um autor único no panorama das letras modernas. Este é um antirromance com um personagem neutro, vogando entre a leitura e a perda.» Michel Foucault
Maurice Blanchot (1907-2003) é considerado um dos mais inovadores e prestigiados escritores, críticos e filósofos do século XX francês.
Admirado por Sartre, Foucault, Levinas, Camus, Derrida ou Jean-Luc Nancy, entre muitos outros, Blanchot foi provavelmente um dos escritores mais inovadores e originais do século xx.
Os seus textos são geralmente desafios filosóficos criados por via da linguagem: é possível existir um sujeito neutro? Nesse caso, é possível existir uma narrativa conduzida por um personagem neutro?
Pouco se sabe sobre a vida sempre meticulosamente resguardada do autor. Estudou em Estrasburgo, onde conheceu Levinas e de quem se tornou amigo para a vida. Este último introduziu-o na obra de Heidegger, que marcou o início de um percurso intelectual para o autor. Nos tempos de juventude, envolveu-se nas grandes discussões políticas e intelectuais do seu tempo.
Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, as ideias políticas de Blanchot aproximam-no da extrema-direita mas, ao mesmo tempo, e durante a ocupação, salva imensos intelectuais de ascendência judaica da deportação, facto que, em 1944, o leva ao acontecimento que viria a mudar a sua vida, como confessou, pela primeira vez, 50 anos mais tarde: Blanchot foi levado perante um pelotão de fuzilamento nazi, que, por casualidade, falhou a sua execução.
Mais tarde, após o doutoramento na Sorbonne, Blanchot deu origem à maior parte das grandes discussões intelectuais do seu tempo por via dos artigos e da obra ensaística e literária que escreveu – Sartre disse, a propósito, que Blanchot era o crítico mais importante da actualidade, no que foi secundado por Foucault.
Blanchot publicou dezenas de obras divididas entre a ficção, o ensaísmo e a crítica. Toda a sua vida recusou prémios e distinções, bem como entrevistas ou retratos. As suas obras encontram-se traduzidas em mais de 40 países. Ainda hoje é reconhecido como um dos intelectuais franceses mais influentes.
Informação adicional
Dimensões (C x L x A) | 13 × 20 cm |
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